Cap. 212
— Alguém poderia, por favor, me explicar quem são esses tais Windigos? – implora o delegado Augustus, tentando obter alguma resposta de suas companhias.
Nokomis atende à súplica da melhor forma que seu domínio da língua inglesa permite: — São o mal.
Augustus arregala os olhos: — Sucinta e esclarecedora. E um pouco assustadora também.
Cobra Traiçoeira resolve apresentar uma explicação mais detalhada: — De acordo com o que foi contado desde os antigos, eles são uma tribo que não faz parte de qualquer outra nação. Seguem o Windigo, o espírito da fome sem fim que toma conta das pessoas fazendo com que comam carne humana.
Augustus balbucia: — São canibais? Antropófagos?
Nokomis balança negativamente a cabeça e fala vagarosamente: — WINDIGOS.
Augustus tenta desfazer o mal-entendido: — Eles comem pessoas?
Cobra: — Também. Mas eles comem tudo e qualquer coisa. Sempre.
Augustus mantém os olhos arregalados e Cobra prossegue:
— Eles surgem e somem. Não têm aldeia. Ninguém sabe quantos são. Vivem na neve e, conforme os antigos, quando estiverem em número suficiente, se espalharão para o sul e para o norte, devorando tudo e todos.
Augustus não contém a curiosidade: — Não tem como evitar que isso aconteça?
Nokomis: — Os antigos escolheram um grupo de guerreiros, que montou uma tribo perto do território Windigo. Eles devem vigiar e, quando for a hora, serão os primeiros a lutar contra eles.
Augustus: — Que tribo é essa?
Cobra olha para ele arqueando as sobrancelhas e franzindo a testa.
Augustus, apontando para Cobra e, depois, Nokomis: — Vocês?
Nokomis: — Vigiar os Windigos e proteger todos os povos é a nossa missão.
Cobra: — Se os brancos nos deixarem vivos para cumprir.
Augustus: — Como posso reconhecer um deles?
Nokomis: — Têm a pele toda branca.
Augustus, inconscientemente, passa as costas da mão direita pela própria face e Cobra Traiçoeira pondera: — É, talvez eles já tenham se espalhado pelo mundo.
Nokomis não segura um pequeno sorriso e Augustus prossegue a viagem com os olhos arregalados.